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Circo da Lama

"Se ele for para a Suiça, não lhe guardo as vacas", David Queiroz, pai de António, vencedor da Casa dos Segredos

"Se ele for para a Suiça, não lhe guardo as vacas", David Queiroz, pai de António, vencedor da Casa dos Segredos

Circo da Lama

02
Jan09

Paul Bowles: uma biografia resumida

Bruno Vieira Amaral

 

 

 

 

 

 

1910 - Nasce Paul Frederick Bowles.

1915 - Escreve o primeiro poema. A palavra "sodomia" não é mencionada.

1919 - Inicia as aulas de piano.

1929 - Vai até Paris. É sodomizado por um tio.

1931 - Conhece André Gide (risos); viaja para Marrocos com intenções artísticas e sodomitas. É-lhe diagnosticada febre tifóide, contraída sem recurso à sodomia.

1937 - Conhece Jane Auer, a quem mais tarde sodomizará.

1941 - Compõe a zarzuela The Wind Remains baseada na obra de Federico García Lorca, poeta e dramaturgo espanhol.

1945 - Traduz Jorge Luis Borges (George Lewis Borgnine)

1948 - Em Marrocos apaixona-se por um adolescente. Provavelmente sodomizaram-se. A esposa, Jane Auer, dedica-se a prazeres sáficos. Raça danada!

1959 - Compõe a música para uma peça de Tennessee Williams. Não é certo que Bowles tenha sodomizado Williams mas eu não ponho as minhas mãos no fogo.

1972 - Marlon Brando sodomiza Maria Schneider no filme O último tango em Paris. O realizador Bernardo Bertolucci virá a adaptar The Sheltering Sky.

1973 - 1998: período dedicado à tradução; alguns biógrafos chamam-lhe "o período menos sodomita".

1999 - Paul Frederick Bowles não voltará a ser sodomizado.

 

 

02
Jan09

O Galheteiro: uma proposta dramática

Bruno Vieira Amaral

Hoje, no restaurante, uma senhora disse que gostava muito do meu penteado. Sorri e quando me preparava para retribuir as palavras amáveis com uma mentira piedosa percebi que a senhora não falava comigo mas com o galheteiro. Chamava-o de “meu querido”, “meu adorado” e “Getúlio Vargas”. Levantei-me e saí ainda antes de pedir um peixe-espada grelhado que me apetecia. Pensei que já tivessem acabado com os galheteiros.
 

02
Jan09

Esta noite sonhei com Richter

Bruno Vieira Amaral

 

Uma destas noites, recebi em minha casa Gerhard Richter. Preparei tudo com muito cuidado. Quando Richter chegou, acompanhado de um pitbull terrier chamado Augenthaler, pedi-lhe para falar baixo porque a minha minha mulher estava indisposta devido ao súbito aparecimento do período (das clarung uberwost menschtrausen). Mordiscámos uns cajus e  Augenthaler, um impertinente, rasgou os cortinados (oferta da minha sogra) e mijou-me uma carpete comprada a um marroquino a quem também compro haxixe e livros de Paul Bowles. Richter jurou-me que há muito tempo que não se divertia tanto, apesar de só ter entrado há dois minutos.

 

Sorrindo os seus grandes dentes teutónicos disse-me num português perfeito:
 
"tá bonito, tá"
 
eu dei-lhe uma pancadinha nas costas e citando as imortais palavras de Séneca atirei:
 
"ouve lá, tu não és o Gerhard Richter, pois não?"


e ele (agora em alemão)
 
"não, pá, não sou"

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