25
Jan09
A prostituta de Mensa
Bruno Vieira Amaral
Paula Lee, nome que promete acrobacias de ginasta olímpica, é a call-girl mais solicitada do país. A informação consta de uma reportagem publicada hoje na revista Única. Como é que o jornalista terá confirmado o facto é um mistério. Tentativa e erro? Instituto Nacional de Estatística? Haverá um sindicato que disponibiliza esse tipo de informação? A dúvida permanecerá e não serei eu a desfazê-la. Por uma questão de princípios, não conheço os prazeres do sexo pago. E mesmo que a menina Lee me convencesse a abdicar dos meus sólidos princípios, não seria tão fácil aliviar-me dos 500 euros/hora que ela cobra aos seus frequentadores. Sucede que a menina Lee atrai muitos intelectuais. É fama que lê Henry Miller. Caros intelectuais, ler Opus Pistorum não prova o génio de Lee; no sector em que ela exerce actividade chama-se a isso formação profissional. Tragam-me uma prostituta que leia Crítica da Razão Pura para matar o tempo e eu juro que peço um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos. Outro dos méritos da menina Lee é que, apesar de criada numa família evangélica, ia à missa. Foi assim que descobriu que um dos seus clientes era padre. Quando li isto, fiquei petrificado e ainda não estou completamente refeito do choque. Quem diria que no país profundo há padres intelectuais e a ganhar tão bem?
A menina Lee é uma mulher extraordinária que também lê um escritor colombiano de nome García Marquez. Nunca ouvi falar. Alguém terá a bondade de me dizer o nome do seu último romance? Agradecido.
Publicado originalmente aqui.