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Circo da Lama

"Se ele for para a Suiça, não lhe guardo as vacas", David Queiroz, pai de António, vencedor da Casa dos Segredos

"Se ele for para a Suiça, não lhe guardo as vacas", David Queiroz, pai de António, vencedor da Casa dos Segredos

Circo da Lama

25
Mai11

A Arte da Comunicação

Bruno Vieira Amaral

"Obrigado por ter entrado em contacto connosco.
Se não houver nenhum contacto da nossa parte num prazo de 15 dias, o seu cv será mantido em base de dados e será contactado numa próxima oportunidade.
Com os Melhores Cumprimentos,"

 

"Vimos, assim, informá-lo que a sua reclamação, com o número ******, mereceu toda a atenção da Administração. Por isso mesmo, o informamos que a não autorização de circulação no Centro com patins, bicicletas ou outros meios de transporte semelhantes prende-se com questões de segurança para os seus utilizadores."

 

"Obrigada por nos ter confiado a sua candidatura.
Esta será analisada pelo Consultor Responsável do processo, pelo que oportunamente voltaremos ao seu contacto."

 

"Lamento mesmo que não nos tivéssemos entendido. De facto estamos com prioridades diferentes e o que sinto é q não há espaço para uma amizade entre nós. Conversamos tanto, desabafamos tanto… Mas parece que estamos em mundos diferentes. Tal como eu te avisei que estávamos…. Mundos demasiados diferentes…"

19
Mai11

"O que é que faz o teu pai?"

Bruno Vieira Amaral

Não havia momento em que eu me sentisse mais desamparado do que quando, na escola, me perguntavam o que é que o meu pai fazia. Tinha a vaga ideia de que ele vivia algures em França, mas sobre a coisa sólida e definitiva que a profissão do pai representa para a imaginação infantil eu não sabia nada. A pergunta “O que é que faz o teu pai?” não admite tergiversações, excessos de ficção. Desde os meus oito anos peguei nos cacos da realidade e tentei juntá-los num vaso coerente e credível, que não suscitasse muitas questões ou acusações de falsidade. Futebolista foi, naturalmente, a primeira opção. O meu pai tinha jogado futebol, mas um futebolista era, e ainda é, uma entidade mítica, semi-divina, que atiçava curiosidades e a vontade de saber pormenores. Em que clube jogava, a que posição, e isso obrigava-me a uma mentira elaborada, demasiado técnica, que eu não pretendia. Lembrei-me então de que, entre os vestígios que sobravam da existência do meu pai, havia um cartão de funcionário da Quimigal. A partir daí, era assim que o identificava: “funcionário da Quimigal”, uma actividade suficientemente desinteressante para desmotivar extensos questionários de colegas. Mais tarde, quando a cortina de névoa sobre a vida do meu pai se desfez um pouco, a quem me perguntava eu respondia que era militar, resposta um tanto vaga, com uma aura de mistério e romantismo, que exercia grande fascínio sobre os meus amigos e igualmente sobre mim, ao mesmo tempo narrador e ouvinte da história que conhecia quase tão mal quanto eles. Às vezes, depois da euforia da ficção, de exageros, de me perder na história que inventara, sentia-me triste, imaterial, evanescente, como se o meu pai não fosse real, como se eu não fosse real, como se nenhum de nós existisse. Talvez por tudo isto, eu invejava o Sérgio, rapaz tímido, desajeitado, aluno medíocre, mas cujo pai era maquinista da CP. Ser maquinista da CP era algo real, compreensível, verdadeiro. Não admitia dúvidas, nem questões. Era uma profissão límpida de que ele se orgulhava. Quando dizia que o pai era maquinista da CP, o acanhamento habitual evaporava-se, brilhavam-lhe os olhos, como quem exibe perante colegas pobres um objecto valioso. Nesses momentos, as minhas ficções pareciam-me absurdas, caía num desamparo profundo, sem um galho de realidade ao qual me agarrar. O meu pai nunca seria uma presença real, um pai que não tivesse de ser inventado. Seria sempre uma mentira. O outro, o maquinista da CP, era a verdade, o pai que acontece a um filho todos os dias.

18
Mai11

Romance

Bruno Vieira Amaral

Conheço muita gente que anda a trabalhar num romance. Eu, por exemplo, ando a trabalhar num romance, que é um pouco diferente de escrever um romance. Trabalhar num romance confunde-se com a actividade geral da existência. Bebo um café e estou, de algum modo, a trabalhar no romance. Sento-me no autocarro e estou a trabalhar no romance. Fico a olhar melancolicamente pela janela do escritório e estou, mesmo assim, a trabalhar no romance. O romance, esse, não avança, tanto é o trabalho com que o sobrecarrego. Permanece em estado de crisálida, eterna possibilidade onde cabe tudo e não entra nada. É então que encontro outros que, como eu, andam a trabalhar num romance. Resumem intrigas, esboçam personagens no ar, prevêem glórias futuras, prémios Saramago, comendas, capas do suplemento do Expresso. Da crítica esperam que seja justa; dos leitores, que sejam milhares (mulheres novas em idade fértil, sobretudo); dos pares, a invejazinha fatal. Quanto ao romance, há-de aparecer, um dia.

10
Mai11

Albânia

Bruno Vieira Amaral

É a vez da concorrente albanesa, cabelo vermelho, canta em inglês. Feel the passion é uma canção sobre coisas extremamente importantes que têm ocorrido na vida desta senhora. Parece a Wanda Stuart. Se calhar é a Wanda Stuart.

 

 

10
Mai11

Eurovisão

Bruno Vieira Amaral

Começou agora a meia-final do Festival da Eurovisão, que este ano se realiza em Düsseldorf, cidade alemã, banhada pelo Adriático, o Báltico e o Ganges. Düsseldorf tem cerca de 60 mil habitantes, quase todos empregados de mesa. Dusseldorfenses famosos: Thomas Mann, Klaus Maria Brandauer e Fernando Mamede.

 

Esta é a rapariga polaca:

 

 

 

 

A Noruega concorre com uma música tradicional africana género Waka Waka, com letra de Knut Hamsun.

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