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Circo da Lama

"Se ele for para a Suiça, não lhe guardo as vacas", David Queiroz, pai de António, vencedor da Casa dos Segredos

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Circo da Lama

20
Nov14

A primeira casa

Bruno Vieira Amaral

Rebeca e Mário foram viver para aquele segundo andar na Moita após um Inverno muito chuvoso. A chuva atrasou as obras de reparação do telhado. Quando ocuparam o apartamento de duas assoalhadas, os operários da empresa de construção ainda estavam a fazer os preparativos para reparar a goteira. Como vieram a perceber, este era praticamente o único problema sério no prédio. A infiltração resultara numa mancha de humidade em expansão no tecto do 3º esquerdo – o último andar –, habitado por um casal nos quarenta que, talvez por causa de todos os incómodos, pareceu aos novos moradores o mais antipático. Da casa deles não vinha o barulho de vidas normais, apenas o som constante de música clássica, normalmente piano, que soava como uma cobertura sonora para abafar a vida, evitando que os outros pudessem depreender, pelas narrativas que os sons compõem, o que se passava no interior. Falavam pouco. Ao contrário dos vizinhos, não iam ao café que funcionava no rés-do-chão. Idalina, da casa em frente à deles, era o oposto. Se se pode admitir a existência de tal coisa, era ela a alma do prédio. Conversadora e rodopiante, tinha madeixas, usava decotes que chocavam as outras mulheres menos pela falta de decoro do que pela exibição impudica de felicidade. Era auxiliar na escola secundária. A mesma onde o vizinho dava aulas. O marido de Idalina era agente da PSP. Pesado, passava por bonacheirão devido à lentidão graciosa de paquiderme. Faziam um par perfeito naquele desencontro e nas contradições. Ela dava-lhe beijinhos em público, prodigalizava-lhe carícias. Era viva. Ele respondia com gestos vagarosos, agradecimentos envergonhados. A memória humana de um grande mamífero já extinto.

 

Foi no segundo Verão de Rebeca e Mário no prédio que apareceram as baratas. Rebeca encontrou a primeira a boiar no balde da cozinha. Uma noite, depois de voltarem do cinema, Mário viu outra a atravessar o hall em direcção à sala. De início, não disseram nada aos vizinhos. Tinham receio que fosse um problema da casa. Talvez os outros pensassem mal deles, supusessem faltas de higiene. Só quando começaram a aparecer baratas mortas – encarquilhadas, encolhidas – nas escadas do prédio é que os vizinhos falaram. Concluiu-se que todos tinham o mesmo problema e, por vergonha, não tinham dito nada. Nesta altura, a invasão atingira um pico e não era raro encontrar duas e três baratas na casa-de-banho, nos corredores, nos quartos e nos armários da cozinha. Contrataram uma empresa de desinfestações. Os funcionários eram discretos. Demoravam nas observações e desaceleravam os gestos para parecerem mais eficientes. Fumigaram as escadas e as condutas de ar, a cave e as garagens. Durante uma semana não se viram baratas, excepto as poucas que vinham morrer à luz. Só dona Tomásia, a moradora mais antiga, disse que elas iriam voltar. Lembrava-se bem de como fora há uns anos. Centenas de baratas festivas, teimosas e, por fim, maníacas, cegamente dedicadas à propagação, à ocupação geométrica de cada metro quadrado. Tinha a certeza de que acabariam por voltar. E assim foi. As baratas regressaram mais fortes e resistentes do que nunca. Estavam agora por todo o lado. De manhã eram às dezenas nas escadas, à entrada do prédio, nos caixotes do lixo abraçados aos postes de iluminação de onde saíam pelas bocas verdes como trabalhadores do fundo de uma mina. Após mais uma desinfestação mal-sucedida, os inquilinos dedicidiram contactar os serviços da Câmara. Já não era só uma questão de salubridade, era política. Em causa estavam a saúde pública, sim, mas também votos e lugares na vereação. Afinal, soube-se que o problema afectava todos os prédios das redondezas, construídos sobre um antigo campo de milho cujas sementes vindas da América ali tinham chegado depois de atravessarem o Atlântico em grandes cargueiros oxidados. À boleia marítima, entre as sementes de milho, clandestinos, tinham vindo os antepassados destas baratas. Se pudessem testemunhar os sucessos dos seus descendentes, por certo ficariam orgulhosos de comprovar como em poucas gerações um grupo inicial de baratas tontas de porão atingira o prestigiado estatuto colectivo de praga, para desespero das pacíficas gentes humanas com quem partilhavam o território. Podia proceder-se a uma desinfestação a larga escala mas o conselho sensato do vereador foi esperar que o tempo quente passasse e rezar para que no ano seguinte chovesse mais. Fez-se a grande desinfestação, as baratas recuaram, houve um novo e pequeno surto no final de Setembro e, em meados de Outubro, não se viram mais. Nem nos anos seguintes.

 

O marido da senhora do 1º esquerdo tinha morrido há muito. Dos actuais habitantes do prédio, nenhum o conhecera, embora se falasse do senhor Figueiredo com a reverência com que se fala de um antepassado nobre ou de um fundador da nação. Debilitada por uma doença renal, dona Tomásia recusava-se a ir para um lar ou para a casa do único filho, que vivia em Torres Vedras e que, com a pontualidade que visa substituir a falta de afecto, visitava a mãe de quinze em quinze dias. A partir de certa altura, depois de quase ter pegado fogo à casa, a senhora começou a receber a visita da carrinha do apoio domiciliário da paróquia. Deixavam-lhe a marmita com o almoço, faziam-lhe a higiene pessoal, limpavam-lhe a casa. Dona Tomásia gostava das raparigas, da animação que traziam à casa naqueles momentos fugazes, das piadas, do que lhe contavam sobre as suas vidas. Era um intervalo de alegria. Com o passar do tempo e o agravamento das doenças, a senhora começou a gritar à noite, gritos horrendos de sofrimento. Da primeira vez que a ouviu, Idalina, que tinha uma cópia da chave para qualquer emergência, levantou-se e foi a correr para acudir à velhota. Noutras vezes, era apenas um choro persistente, uma queixa prolongada como uma dor aguda que o tempo tornara crónica. Um dia, no terceiro ano de Rebeca e Mário no prédio, as auxiliares tocaram à campainha, esperaram durante muito tempo mas já ninguém abriu a porta.

 

Foi poucos meses depois da morte de dona Tomásia que o casal do apartamento em frente se mudou. Anunciaram a compra de um portentosa vivenda – detalhavam o número de assoalhadas e os metros quadrados, os azulejos luxuosos, a cozinha gigantesca e moderna, os electrodomésticos encastrados, o pequeno jardim e o barbecue nas traseiras onde até podiam instalar uma daquelas piscinas grandes de plástico – “quase a chegar a Palmela”, e a incerteza do lugar era uma maneira discreta de marcarem distâncias, de se separarem definitivamente daquelas pessoas e daquele prédio e daquelas vidas de apartamento em que, à noite, se ouvia a poderosa torrente de urina do vizinho, os chinelos arrastados pela madrugada, as discussões que explodiam num segundo e que duravam muito para lá do silêncio, subsistiam nos olhares, como o rasto de poeira brilhante de cometas intensos, e na forma nada solidária como os casais subiam as escadas nos dias seguintes. Arrendaram a casa e em pouco tempo, com a sucessão de inquilinos, os equilíbrios do prédio colapsaram: primeiro, esteve lá uma professora de Educação Física com o seu grande Labrador, cujo latido alastrava pelo prédio como se o cão estivesse preso nas paredes ou como se o próprio prédio estivesse a latir; mais tarde, foi para lá um casal com os três filhos adolescentes; durante uns meses, tão breves que nem toda a gente se lembrava delas, duas raparigas brasileiras viveram lá com grande discrição. Cada inquilino trazia hábitos – até pela ausência, pela invisibilidade – a que os outros tinham de se adaptar. Perante estas mudanças constantes, o casal do 3º esquerdo vivia cada vez mais afastado e, resolvido o problema do telhado, só a música clássica que se ouvia através da porta sinalizava a permanência deles no prédio. De resto, era como se estivessem mortos.

 

Idalina desapareceu durante meses. Ninguém comentou o assunto porque se percebeu logo que aquilo era coisa entre o casal. Uma noite, Idalina saiu de um carro e encontrou-se com o marido à porta do café. Passou-lhe para as mãos uma caixa. Despediu-se com um beijo no rosto. O marido não se virou logo. Por instantes, ficou parado, com a caixa nas mãos, como se o que tinha acabado de acontecer desafiasse a lógica, estivesse tão para além do que a sua mente, acantonada numa bondade intrínseca, podia conceber, que aquela imobilidade pasmada, aquela incompreensão muda, era a única vénia possível ao milagre que ali se produzira. Idalina já não pôde ver o marido transformado em estátua de sal. Ocupou o lugar do passageiro do carro que a esperava. Sem acender imediatamente as luzes, o carro arrancou e, passados uns segundos, desapareceu no meio das ruas sombrias.

 

Rebeca soube que estava grávida no dia em que nasceu o filho dos vizinhos. Mário telefonou logo aos pais, contra a vontade da mulher que queria esperar até às doze semanas para dar a novidade. Quebrado o selo do segredo, decidiram contar à restante família, aos amigos e até, mais por diplomacia do que por entusiasmo, aos colegas de trabalho. Choveram felicitações, presentes, os pais de Mário quiseram abrir uma conta para o neto – o avô tinha a certeza de que seria um rapaz – e a mãe de Rebeca comprou logo a roupa que a criança haveria de usar no dia em que saísse da maternidade. Começaram a ver sítios de decoração de quartos de bebé e já tinham uma ideia de como iria ficar o quarto que, até então, servia de escritório. De cada vez que encontravam os vizinhos e viam o bebé sentiam admiração, inveja saudável e impaciência. Faltavam pouco mais de seis meses. Um dia, já depois de ter feito a ecografia dos três meses, Rebeca estava no trabalho quando sentiu uma picada na barriga. Foi à casa-de-banho, viu que tinha uma ligeira perda de sangue. Ligou para Mário com um pânico controlado. O marido aconselhou-a a ligar para o obstetra. Não estava no consultório. O telemóvel, desligado. Rebeca tranquilizou-se pensando que seria nada. Tinha ouvido dizer que aquelas perdas eram normais. Nessa noite, já deitada, sentiu uma dor aguda, muito forte, uma cólica prolongada. O sangue espalhara-se pelo lençol.

 

Os tempos seguintes foram muito duros. Rebeca esteve um mês de baixa. Sozinha em casa, chorava ao entrar no quarto do bebé e via os sacos em que arrumara as roupas que lhe tinham dado, ao ver na barra de favoritos o sítio de decoração. Ouvia o choro do bebé do lado, tapava os ouvidos com as almofadas e chorava mais. Secretamente, loucamente, desejava que aquela criança morresse. Não, tanto também não, desejava apenas que os vizinhos mudassem de casa, fossem para longe, para onde aquela felicidade solar não a atingisse. Mário também sofria. Falavam pouco entre si. Confortavam-se com o silêncio, beijavam-se sem dizerem nada, amavam-se sem palavras, adormeciam com uma esperança triste. Quatro meses depois, Rebeca descobriu que estava grávida. Fizeram o teste em casa. Quando viram o resultado, sorriram um para o outro. Beijaram-se com um contentamento sereno. Oito meses depois nascia Laura, uma linda menina. No dia seguinte, os pais de Mário abriram uma conta em nome da neta que, à saída da maternidade, vestia a roupinha que a avó materna lhe comprara.

 

Certa noite, o prédio e a vizinhança foram sobressaltados pela sirene de uma ambulância. O professor do 3º esquerdo sofrera um AVC. Esteve cerca de um mês no hospital. Quando regressou a casa, amparado pela mulher, havia no olhar dele algo diferente, uma vulnerabilidade, uma fragilidade que agora era dos dois. Falaram com os vizinhos demoradamente, como nunca tinham feito até então a não ser quando se queixavam da situação do telhado que lhes estava a dar cabo do tecto. Agradeceram as ofertas de ajuda, o cuidado. Tornaram-se mais humanos ou, pelo menos, era assim que se comportavam. Pouco minutos depois de terem entrado em casa, fechada à chave por dentro, ouviu-se novamente o som de música clássica. Peças para piano. Muito tristes.

 

Nada fazia prever a separação do casal que vivia em frente de Rebeca e Mário, os que tinham o filho que era um ano mais velho que Laura. Na altura devia ter três anos e eles exibiam o mesmo ar de felicidade simples de sempre. Nunca se lhes ouvira uma discussão, e se aos gestos lhes faltava a cumplicidade amorosa notava-se-lhes uma entreajuda sincera. Via-se quando carregavam os sacos de compras do carro: ela com o pequeno ao colo e o marido, pousando os sacos, tirava-lhe as chaves da carteira. Havia em todos os momentos uma felicidade abrangente que dominava a rotina, tantas vezes a fresta por onde se insinua o tédio, as recriminações e, por fim, o ódio. Ele punha-lhe o açúcar no café, mexia-o, ela respondia com um sorriso de agradecimento. Quando tinham visitas em casa ninguém suspeitava de algum mal-estar, não havia indícios de fadiga, de ruptura iminente, não se ouviam aquelas palavras mais bruscas e impensadas que encontram caminho com um copo a mais, o instante de ar contrariado quando se tem de ir buscar à cozinha uma coisa que o outro devia ter trazido, o olhar de recriminação – intenso ainda que não ostensivo – por alguma coisa que ele se esqueceu de comprar, a censura por um comentário menos resguardado sobre alguém que não estava presente: da vida daquele casal estavam ausentes todas essas coisas que sugerem uma dificuldade. Não se notava o esforço de encenação concertada em que alguns casais à beira da ruptura se especializam quando recebem convidados. Até que, inesperadamente, ele saiu de casa para, ao que se dizia, ir viver com uma mulher de quem era amante desde o primeiro ano de casamento. Tudo se passara em discrição e sigilo, encontros programados com antecedência, até que Esmeraldo cometeu a imprudência de pagar uma noite numa pousada em Estremoz – quando devia estar em Coimbra – com o cartão de crédito. Consumada a separação, passou a visitar o filho de quinze em quinze dias. Primeiro trazia um ar de culpa, depois, progressivamente, à medida que o remorso ia diminuindo, vinha mais confiante, mais seguro, um homem sem dúvida mais interessante. De início, a ex-mulher resistiu ao impacto. Via-se que estava um pouco aturdida, o olhar ficava vago, perdida nos pensamentos, parecia alegremente nervosa, como alguém a recompor-se de um susto. De resto, era a mesma pessoa. Só alguns meses depois, talvez quando percebeu que não houvera um único momento em que a sua felicidade tivesse assentado em verdades, que tudo o que tinha vivido com aquele homem estava irremediavelmente manchado pela mentira e pelo engano, é que se foi abaixo, num abatimento geral do ânimo e da vontade. O corpo tornou-se uma carcaça doente, acinzentada e o rosto finalmente absorveu o negrume que lhe nascia no peito.

 

Quando Laura tinha quatro anos, Idalina voltou para casa. Regressou diferente. Era bom dia e boa tarde. Pouco mais. Não voltou a ser a alma do prédio. Uma vez, a conversar com ela sobre a pequena Laura, Rebeca teve a impressão de que Idalina queria dizer qualquer coisa sobre o que lhe acontecera. Era a antiga Idalina a assomar, a dizer que ainda estava vida, mas conteve-se. Subiu as escadas depois de um suspiro curto, cheio das coisas que decidira esquecer.

 

Mário foi promovido a supervisor de área no ano em que a filha ia entrar para a escola. Há muito tempo que esperava a promoção. Estava convencido que da última vez só uma cunha de um gerente de outro posto o tinha impedido de subir e de, em consequência, terem mais um filho, como era desejo de ambos. Mais um filho significava outra casa, com mais espaço e outras condições. A ganhar o mesmo, estava fora de questão. Mário herdara do pai esta natureza conservadora, cautelosa. O pai sempre lhe dissera que era melhor um emprego no Estado mas, não o tendo conseguido, Mário trabalhava o dobro para garantir a segurança económica da família, atormentado pela história de um avô que derretera uma pequena fortuna e nunca mais se endireitara. Quando confirmaram a promoção, Rebeca e Mário começaram à procura de casa. Ouviram falar de uma urbanização em Alcochete. Tinham pressa em tratar de tudo para que Laura entrasse para a escola já na nova casa. Quando visitaram a casa ficaram encantados. Era aquilo. Apesar de toda a excitação, da adrenalina da novidade, os últimos dias na Moita foram complicados. Tinham começado a vida a dois ali. Laura nascera naquela casa, dera aí os primeiros passos, na bancada da cozinha ainda se via uma marca de café de uma chávena pousada à pressa para se amarem, os armários velhos que os dois tinham envernizado, o varão da banheira que Mário montara e ficara para sempre torto, as tardes longas e tristes em que sentada no sofá a receber o sol que atravessava a janela da sala Rebeca chorava a criança que perdera, o lugar de cada coisa, a disposição dos móveis, o toalheiro, o odor do quarto, o móvel novinho em folha da casa-de-banho que destoava entre a loiça mais antiga. Sofreram com aquela despedida, alegraram-se por tudo o que ficava para trás, beijaram-se, e quando fecharam a porta pela última vez e rodaram a chave souberam que estavam a encerrar a primeira parte das suas vidas em comum, com a certeza magoada de que o muito que tinham para viver nunca seria tão doce como aqueles anos iniciais.

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