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Na revista Ler deste mês
Sobre Zeitoun, de Dave Eggers:
"A melhor parte do livro vem com a tempestade: uma Nova Orleães devastada vista de uma perspectiva singular. Sem acesso a qualquer meio de comunicação, o ponto de vista de Zeitoun é “puro”. Nada transmite melhor essa ideia do que a sucessão de imagens irreais com que ele se depara (o resgate de uma prostituta, cavalos a pastar no meio da cidade). Zeitoun é tanto o último homem de um mundo que acabou como o primeiro homem de um novo mundo. Génesis e Apocalipse. A Estrada, de Cormac McCarthy, paira nestas páginas. Mas a realidade vai interromper esse conto pós-apocalíptico de um homem numa missão sagrada de auxílio a estranhos: o bom samaritano metamorfoseia-se em personagem de Kafka."
Sobre A Cidade Ausente, de Ricardo Piglia:
"Publicado em 1992, A Cidade Ausente, do argentino Ricardo Piglia, é relato policial, distopia futurista (esta Buenos Aires foi projectada no atelier Huxley, Bradbury & K. Dick), revisitação dos clássicos (A Divina Comédia, As Mil e uma Noites), labirinto de Borges e quebra-cabeças inspirado em Joyce. Tamanha cópia de referências insere Piglia numa linhagem erudita e urbana das letras argentinas, a mesma do próprio Borges, de Cortázar ou do santo padroeiro deste romance que é Macedonio Fernandéz."