Detestava o desleixo
“Jelisic começava por recolher o dinheiro, os relógios e as jóias dos detidos. Não raro, batia-lhes. Fazia isto diante da namorada, Monika, que às vezes visitava o campo porque era o irmão quem o chefiava. Em seguida, os prisioneiros eram obrigados a sair do hangar, um a um. Jelisic ordenava a um homem que se ajoelhasse e encostasse a cabeça a uma grelha metálica de escoamento. Depois matava-o com dois tiros na nuca, usando uma pistola com silenciador. Durante um ou dois minutos antes da execução, o homem escolhido implorava que lhe poupasse a vida. “Não me faça isso. Porquê eu? Não fiz nada.” Mas não adiantava. Antes de o matar, Jelisic insultava a mãe do prisioneiro. Na verdade, quanto mais medo este demonstrava, maior o prazer do algoz. A seguir, dois prisioneiros transportavam o corpo para um camião-frigorífico utilizado para levar os cadáveres para uma vala comum e Jelisic mandava lavar a grelha. Detestava o desleixo.”
Não Faziam Mal a Uma Mosca, Slavenka Drakulic
Goran Jelisic executa um prisioneiro a 7 de Maio de 1992